As novas obras das Estações de Tratamento de Efluentes (ETEs) do Sanep devem deixar Pelotas com cerca de 75% do seu esgoto tratado. A projeção é citada pela diretora-presidente da autarquia, Michele Alsina. Porém, o prazo para isso tudo ainda é uma incógnita, com a meta de 90% devendo ser alcançada até 2033, conforme rege o Novo Marco Legal do Saneamento. Atualmente, o município trabalha com três principais frentes para chegar aos objetivos: a finalização da ETE Novo Mundo, a reforma da ETE Laranjal e o recém lançado projeto da ETE Estrada do Engenho, que deve proporcionar o maior salto.

A obra anunciada recentemente vai ocupar um terreno de quatro hectares na Estrada do Engenho, próximo ao canal São Gonçalo. O espaço foi doado por uma construtora ao município, como contrapartida. O projeto básico, que teve custo de R$ 1,3 milhão aos cofres pelotenses, prevê que o espaço vai atender toda a área central, parte das Três Vendas, toda a área do Areal e o Umuharama. Essa bacia compreende cerca de 125 mil pessoas em Pelotas.

Porém, ainda não há previsão de quando a obra vai entrar em prática. Michele destaca que há precaução para evitar erros de projetos, como os do passado - que atrasam até hoje algumas obras da autarquia. Só a Estação de Tratamento terá um custo projetado de R$ 50 a R$ 60 milhões - o total, que envolve a bacia de esgotamento, pode chegar a R$ 125 milhões, segundo comunicado da prefeitura no momento da assinatura do recebimento do terreno. A forma como a obra será executada também é uma incógnita, com a possibilidade de ser feita através de financiamento ou locação de ativos, que funciona como uma espécie de aluguel por um período específico, com contrapartida à executora e, após esse prazo, o espaço fica para o município.

Novo Mundo ainda deve demorar
Se em 2018, em entrevista ao Diário Popular, o então diretor-presidente do Sanep, Alexandre Garcia, comemorava o andamento satisfatório da obra, projetando a entrega no ano seguinte, a atual mandatária do Sanep estima que a conclusão deve ocorrer apenas em 2024 - mais de uma década após o seu lançamento. A vencedora da primeira licitação abandonou as obras em 2014, com a retomada ocorrendo em 2018.

Atualmente, o cronograma está em 50%, segundo ela. O ritmo é "interessante", nas palavras de Michele, citando a pandemia como um dos fatores de atraso, mas mencionando a parte civil, elétrica e de automação como bem adiantadas. Com esse lançamento, somado às melhorias na ETE Laranjal, o município deve chegar a 40% do esgoto tratado. Contando com elas e a ETE Estrada do Engenho, a meta é alcançar de 70% a 75%. "Aí, a gente já chega muito próximo ao que estabelece o novo Marco Regulatório do Saneamento, que é de 90%. É o nosso foco de atendimento."

Tratamento de água
A Estação de Tratamento de Água (ETA) São Gonçalo, que vai produzir 500 litros de água por segundo, deve entrar em operação no primeiro semestre do próximo ano, projeta a diretora-presidente. "É uma obra extremamente complexa. É uma intervenção que teve muitos conflitos de projeto na sua estruturação ao passar dos anos", lamenta, citando as readequações por erros de projetos. A expectativa é de que entre em operação manual, para testagens, ainda este ano. A unidade, diretamente, não atende toda cidade, mas sua capacidade produtiva provém a condição de fazer manobras para melhorar toda a distribuição de água da cidade. "Indiretamente, ela vai melhorar a produção da cidade como um todo (...) o nosso principal foco é a finalização dessa obra."

Projeção da evolução do tratamento de esgoto em Pelotas
- Atualmente: 18%
- Após a entrega da ETE Novo Mundo e ampliação da ETE Laranjal: 40%
- Após a entrega da ETE Estrada do Engenho: de 70 a 75%
- Previsão do Marco Legal: 90%